segunda-feira, 13 de junho de 2011

Gramáticas

            Ah! Essa tal gramática interna – carregada de idiossincrasia, subjetividade, anárquica e libertária.
            E essa tal gramática externa – global, geral, totalizante, institucional, coercitiva, uniformizadora, estatal, homogeneizadora... impositora!
            São estas variações sincrônica e diacrônica, que concebem a mutação linguística, em um mesmo tempo e ao longo do tempo.
            Por que então aprisionar a linguagem a padrões rígidos, que a fazem estática e sombria?
            Não raro vejo a comunidade linguística indignada com os neologismos revitalizadores da língua, pelo que vejo e sinto a querem imexível, mergulhada em nostalgias palacianas.
            Eu e meu idioleto anarquista, que quer subverter a “ordem” – aspiro todavia ao caos, para que uma nova era se estabeleça, dando acesso ao universo das palavras a todos indiscriminadamente.
            Vamos flexibilizar as normas, humanizar as regras, regurgitar a opressão em nome da liberdade de expressão, para que nos libertemos do automatismo condicionante.
            Fora August Comte! Fora Rene Descartes! Uma nova era há de se instalar – o tradicionalismo e o fragmentarismo hão de ser superados em nome de uma visão holística, que consegue conciliar o aparentemente inconciliável, rompendo assim os limites bem definidos.
            Que o léxico se torne independente e grite: Independência ou morte!
            Sem a liberdade, bem sabemos, a expressão será sacrificada; lançada ao Hades da indiferença e do preconceito!
            O que é certo e errado no universo extenso da língua portuguesa? Devemos encarcerá-la ao maniqueísmo ocidental reducionista?
            Famigerados somos nós, que já usufruímos o néctar extraído na esfera das palavras, que dá sentido mais amplo à realidade e se descortina no palácio da vida de maneira exuberante.
            Todavia, palavras não são apenas palavras, são unidades de força, importantes para dar sentido à vida e o vigor necessário e indispensável ao bem viver.
            Falantes de todo o mundo, uni-vos! Manifestem a sua indignação aos limites impostos coercitivamente pelas instituições linguísticas que estão a serviço de uma classe dominante que visa ao controle das consciências humanas.
            Liberdade já, para que possamos repensar o pensamento já pensado a respeito da língua e suas instituições mantenedoras.

Um comentário:

  1. Para um poeta, você é fera na prosa hein kkkkkk
    Falou e disse, muito conveniente o texto.
    Abraço Manú!!! rs

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